A Revolta de Bar Kokhba (Terceira Revolta Judaica) foi uma rebelião que explodiu na Judéia, em 132 da Era Comum, seis décadas após a destruição de Jerusalém pelas tropas de Tito Vespasiano (ocorrida em torno do ano 70).
Origens
Há muita incerteza acerca da causa imediata dessa revolta, pois dela só possuímos documentação esparsa e não-contemporânea (Dion Cássio e Eusébio), além de algumas descobertas arqueológicas nas grutas dos desertos da Judéia.
O que se sabe é que ela ocorreu após a viagem do imperador Adriano pelo Oriente, entre os anos 130 e 131, ocasião em que ele deixou claro seu propósito de revitalizar o Helenismo enquanto esteio cultural do Império Romano, naquela região. Entre seus planos estava a reconstrução de Jerusalém como uma cidade helenística e onde, sobre o monte do templo de IHVH seria erguido um santuário dedicado a Júpiter Capitolino, decisão que há de ter ferido os sentimentos religiosos dos judeus.
Este parece ter sido o estopim da revolta na Judéia, embora Cássio Dion afirme que ela já vinha sendo preparada, a partir das comunidades da Diáspora, desde o levante de 115 (Segunda Revolta Judaica).
A Revolta
Quando a revolta começa, os romanos são apanhados de surpresa. Grupos de judeus armados emboscam destacamentos da Décima Legião, inflingindo-lhes pesadas perdas. Ato contínuo, a fortaleza romana em Cesaréia é atacada e parcialmente destruída.
Como um rastilho de pólvora, a revolta se espalha por toda a província, com os rebeldes fabricando e reunindo armas, e fortificando cidades.
O Legado imperial, Quintus Tineius Rufus, que governa a Judéia, mostra-se incapaz de sufocar o levante, e mesmo quando o governador da Síria, Gaio Publio Marcellus, recebe ordens para ajudá-lo, e desloca a II Legião Traiana Fortis e a VI Legião Ferrata para a Judéia, não é possível impedir que os amotinados tomem Jerusalém.
A essa altura, evidencia-se, entre os combatentes judeus, a liderança de um jovem comandante, Simão bar Koziba, em quem o Rabi Akiva reconhece o "Mashiach" (Messias) davídico, aguardado ansiosamente, e lhe troca o nome para "bar Kokhba" (filho da estrela). À frente de seus comandados, Simão entra em Jerusalém, é saudado como "Príncipe de Israel", e proclama a independência do estado judeu. Moedas são cunhadas com os dizeres "Primeiro ano da libertação de Jerusalém" e "Primeiro ano da redenção de Israel".
Pelas cartas e outros vestígios arqueológicos descobertos nos desertos a oeste do Mar Morto, têm-se uma idéia do tipo de guerra que os rebeldes empreenderam contra os romanos, atuando em pequenos grupos, atacando o inimigo de emboscada e refugiando-se em cavernas. "Em cada penhasco, em cada rochedo, ocultava-se um guerrilheiro judeu, impiedoso e desesperado, que não tinha nem esperava misericórdia". Comunidades de gentios desprotegidas, tais como os descendentes dos veteranos da XV Legião Apollinaris, que se tinham estabelecido em Emaús, em 71, são atacadas e dizimadas sem piedade. Por cerca de três anos e meio, esses guerrilheiros infernizaram a vida dos legionários.
Essas cartas também mostram o controle que Simão exercia sobre o povo das aldeias: confisco de cereais, recrutamento compulsório e outras medidas coercitivas, a exemplo das praticadas por Simão bar Giora, na Primeira Revolta Judaica.
A situação é tão séria que Adriano despacha, para a Judéia, seu melhor general, Sexto Júlio Severo, que estava governando a Britânia. Contando com dez legiões, além de tropas auxiliares (ao todo, cerca de cem mil homens), Severo usa a mesma tática dos guerrilheiros judeus: divide sua forças em grupos de pequenas unidades móveis, comandadas por tribunos e centuriões, grupos de reação rápida que podem responder prontamente, sempre que chegam relatórios de atividades de guerrilha. Além disso, localiza e cerca os redutos rebeldes, obrigando-os à rendição ou à morte por fome.
Dion Cassio nos diz que cerca de 50 esconderijos dos rebeldes foram localizados e eliminados. Diz também que 985 vilas judias foram destruídas na campanha e 580 mil judeus mortos pela espada (além dos que morreram por fome).
Até que, em 135, Severo finalmente encurrala bar Kokhba em Betar, 6 milhas a sudoeste de Jerusalém. Apesar da tenacidade de seus defensores, o reduto é invadido e os romanos massacram todos os que nele encontram. É o fim do "Filho da Estrela" e da Terceira Revolta Judaica.
Depois
Terminada a guerra, a Judéia está devastada. Cassio Dion descreve a província como "quase um deserto". Centenas de milhares de judeus morreram lutando, de fome ou por doenças. Prisioneiros judeus abarrotam os mercados de escravos, aviltando os preços dos cativos (Um escravo torna-se mais barato do que um cavalo). Os inaptos ao trabalho são enviados aos Circos, para servir de entretenimento a platéias sanguinárias, que apreciam vê-los ser retalhados pelas lâminas dos Gladiadores ou dilacerados pelas presas de animais selvagens.
Os romanos também sofreram perdas consideráveis. No relatório de 135, ao Senado, informando-o sobre o fim da guerra, o imperador prefere omitir a fórmula habitual: "Eu e as legiões estamos bem".
Jerusalém é reconstruída de acordo com o projeto de Adriano, recebendo o nome de Aelia Capitolina, onde os judeus ficam proibidos de entrar, sob pena de morte, enquanto o nome da província é mudado de Judéia para Síria Palestina (Syria Palaestina).
Além disso, um édito imperial que combate a prática da mutilação, equipara a circuncisão à castração, proibindo os judeus de praticá-la. E como os recalcitrantes se valem de argumentos religiosos, ficam também proibidos o ensinamento da Torah e a ordenação de novos Rabinos. Rabi Akiva nega-se a obedecer e continua a dirigir o povo judaico. Surpreendido ensinando a Torah, paga com a vida sua fidelidade à Lei Mosaica.
Fonte: Wikipédia
Leia também!
► Judéia
► Primeira Rebelião Judaica
► As Rebeliões na Diáspora
(Segunda Rebelião Judaica)
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