segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lisboa, antigo viveiro de ambições

No século XV, a capital portuguesa e seu porto atraíam exploradores e produtos exóticos de muitas partes do mundo.
Mais parecia uma torre de Babel, ainda que jamais tenha
perdido o ar provinciano. As marcas desse passado estão
à disposição do visitante



Portugal sentiu que tinha um futuro quando olhou para o oceano;
a torre era a fortificação que protegia seu maior patrimônio, um
imenso porto natural Litografia, Vicente Urrabieta y Ortiz, c. 1850.

Um irônico embaixador da França em Lisboa, no século XVI, usou uma metáfora para defi nir a cidade: “Sua Majestade mora em cima de sua quitanda”. De fato, o Paço da Ribeira, palácio real hoje desaparecido, dava diretamente nos cais do estuário do rio Tejo, um porto natural no qual se alinhavam até 3 mil navios vindos da África e da Ásia.

Veneza, nas franjas do Oriente bizantino, mantivera até o século XV o monopólio do comércio terrestre com a Ásia. De lá as riquezas seguiam em navios rumo a Flandres ou à Inglaterra, com escala em Lisboa. Por isso, a cidade estava familiarizada com os carregamentos exóticos: no pátio do Paço da Ribeira, amontoavam-se os fardos de algodão e as cargas de seda, especiarias e cauris (conchas usadas como moeda na África e na Ásia) e eram negociados pedras preciosas e corais.

Portugal tomou a dianteira das expedições no Atlântico por muitas razões. O país não tinha ouro nem trigo. Não tinha terras abundantes nem braços para a lavoura. O futuro de Portugal pertencia aos oceanos. O progresso da navegação e a audácia dos portugueses já os tinham levado à costa africana. Quanto mais avançavam nas expedições à África, maior era a diversidade dos produtos desembarcados em Lisboa. O mais próspero dos comércios, contudo, era o de escravos.

A febre de riqueza negligenciou a produção alimentar, pois os lucros dos mares permitiam a Lisboa importar grãos. O êxodo rural inchou a cidade, que já no século XVI era uma espécie de monstro demográfico, com cerca de 100 mil habitantes em 1551.

Em 1488, Bartolomeu Dias dobrou o cabo da Boa Esperança. Aberta a rota marítima da Ásia via o contorno da África, Lisboa suplantou Veneza e os árabes. Em 1500, Cabral chegou ao Brasil. O cultivo da cana começou em 1532, assim como a maciça deportação de negros para a América. E Lisboa cresceu ainda mais.

Mas o comércio em Portugal não era negócio de burguês, e sim dos nobres e do clero. E essa elite despendia toda a riqueza em suas terras e castelos, ao contrário da burguesia de outros Estados, que, poupadora, reinvestia o que ganhava em novas empresas.

Assim, Portugal não se desenvolveu, mas cobriu-se de ricos edifícios e obras de arte. E, em memória desse tempo áureo, os portugueses ergueram mais tarde outros marcos, que fazem o turista viajar pelo país dos séculos anteriores.

PATRIMÔNIOS

O imenso terreiro do Paço, hoje praça do Comércio, situado na Baixa de Lisboa, foi reconstruído pelo marquês de Pombal. Reúne um conjunto arquitetônico do século XVIII que se abre para o Tejo. Tudo ali se destaca: é a porta de entrada da cidade.


A Torre de Belém hoje, construção de 1520 que
se tornou Patrimônio Cultural da Humanidade.

O bairro de Belém conserva as duas obras do estilo manuelino que se tornaram Patrimônio Cultural da Humanidade. A Torre de Belém, concluída em 1520 e várias vezes reformada, foi residência dos capitães do porto e até presídio político ao longo dos séculos. Já a construção do monastério dos Jerônimos começou em 1501 e terminou um século depois. Mescla o estilo manuelino a elementos da arte moura e do gótico espanhol.

O antigo bairro da Alfama foi relativamente poupado do grande terremoto de 1755 e tem ruas pitorescas, que abrigam a igreja de São Miguel, com trabalhos em madeira do século XVIII. Do lado externo do monastério de São Vicente de Fora, há o mausoléu da última dinastia portuguesa, os Braganças.

Dois museus merecem ser conhecidos para penetrar na alma profunda dos lusitanos. O Museu dos Azulejos, no convento Madre de Deus, mostra a moda, posterior à era dos descobrimentos, de cobrir edifícios civis e religiosos de cerâmicas. E o Museu da Marinha, construído na praia da qual partiu Vasco da Gama, permite desvendar o caso de amor dos lusitanos com o oceano.

.:: Revista História Viva

7 comentários:

  1. oi, gostei do seu blog, estou seguindo ;D
    abrçs

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  2. Oi, gostei de seu blog e postei seu banner em meu blog, olha lá depois.Abç... http://monadelends.blogspot.com/

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  3. Achei teu blog super interessante.Fui pofessora de História por mais de trinta anos.Já estou te seguindo.Te convido a seguir o meu blog que é bastante simples mas feito com texetos próprios.

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  4. Olá,
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    somos três estudantes do curso de História da Unicamp e resolvemos criar um blog para diminuir a diferença que existe entre os ensinamentos escolares e universitários. Resolvemos divulgar para a mídia relacionada a esse assunto porque a ponte entre o ensino escolar e o acadêmico faz parte de diversos debates e polêmicas.
    Ficaríamos honradas se você acessasse nosso blog. Criamos nele, também, uma página com explicações simples para variados conceitos, tão importantes para entendermos os processos históricos. Criamos um twitter para divulgar as atualizações. @historiando_07
    O link é http://historiandonanet07.wordpress.com/
    Agradecemos a disposição,
    Ana Carolina Machado
    Ligia Fornazieri
    Paula de Almeida Franco

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  5. Parabéns pelo seu blog. estou buscando informações sobre a Formação de Portugal, sua história, a colonização na África,as viagens às Indias até a chegada de Cabral ao Brasil.
    Tenho encontrado artigos interessantes em seu blog, especialmente os temas ligados à África. Estou amando.
    Obrigada

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  6. Olá! tomei a liberdade de indicar o seu blog para um selo, e para levar é preciso seguir duas regras. Assim que possível passe lá no Redação & Vestibulares para se inteirar dos detalhes,e copiar o selo para seu blog. obrigado mesmo!

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  7. Por que parou de postar?

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