sexta-feira, 12 de março de 2010

Gregos de olho nas estrelas

Como os gregos sabiam a hora de consultar o deus Apolo no Oráculo de Delfos


Oráculo de Delfos.

Sacerdotisas do deus Apolo, do Sol e da profecia inalavam misteriosos vapores e previam o futuro. Uma vez por ano, pessoas de todas as cidades-estados da Grécia as consultavam no famoso Oráculo de Delfos e sentiam-se seguras para tomar uma série de decisões políticas e estratégicas – por uma módica doação ao santuário, claro. O que ninguém sabia até agora era como os gregos conseguiam ir para Delfos na mesma data para fazer suas consultas. A resposta, diz uma dupla de arqueólogos, está nas estrelas.

O problema é que cada cidade-estado grega, que equivalia a um país independente na Antiguidade, tinha seu próprio calendário, incluindo nomes de meses totalmente diferentes. Mas, todos os anos, os gregos aportavam em Delfos no sétimo dia do mês Bysios, correspondente ao nosso fevereiro.


A representação da sacerdotisa, ou pitonisa, de Delfos,
da época em que o oráculo estava ativo, mostra a
câmara de teto baixo e a pitonisa sentada em um trípode.

Alun Salt e Efrosyni Boutsikas, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, publicaram um estudo na revista científica Antiquity afirmando que era a constelação de Delfim que orientava esse pessoal todo. Segundo eles, existe uma correlação entre os festivais em honra de Apolo Delfínio em várias cidades gregas e o chamado nascer heliacal da tal constelação. O nascer heliacal é o momento do ano em que uma estrela volta a ser vista no horizonte, a leste, antes do nascer do sol – antes disso, o movimento da Terra a deixa oculta. O fenômeno varia pouco ao longo dos anos e séculos.

Pois bem: Salt e Boutsikas viram que as festas de Apolo aconteciam no mês seguinte ao nascer heliacal do Delfim (no nosso janeiro) em quase todas as cidades. Quando a constelação pintava no horizonte, os gregos saíam em sua viagem até Delfos. Na cidade do oráculo, outra coisa interessante acontecia. Ela está cercada de morros com quase 1000 metros de altura – o horizonte mais “alto” faz o nascer heliacal acontecer cerca de um mês mais tarde do que no nível do mar. Assim, os gregos chegavam a Delfos na hora do despontar da constelação por lá.

.:: Aventuras na História

Nenhum comentário: