domingo, 3 de agosto de 2008

Godos

Os godos (Gótico: Unicode: 𐌲𐌿𐍄𐌰𐌽𐍃, Gutans) eram um dos povos germânicos que, de acordo com suas tradições, era originário das regiões meridionais da Escandinávia (especificamente de Gotland e Götaland). Eles migraram em direção ao sul e conquistaram partes do Império Romano na Península Ibérica e na Península Itálica[1]

Duas tribos muito próximas, os Gutar e os Götar, permaneceram na Escandinávia e também são freqüentemente chamados de godos, são tratados separadamente, como gotlanders e geats respectivamente. Segundo sua própria lenda, relatada pelo historiador godo Jordanes em meados do século VI, os godos, sob o comando do rei Berig, chegaram em três barcos ao sul do mar Báltico, onde se instalaram após derrotar os vândalos e outros povos germânicos. O historiador romano Tácito registra que, nessa época, os godos se distinguiam por usarem escudos redondos e espadas curtas e obedecerem fielmente a seus reis.

O povo godo abandonou a região do rio Vístula, que corresponde à atual Polónia, durante o reinado de Filimer, na segunda metade do século II, e chegou ao mar Negro após muitas aventuras. Foi possivelmente a pressão dos godos que obrigou outros povos germânicos a exercerem, por sua vez, uma forte pressão na fronteira do Danúbio com o império romano, na época do imperador Marco Aurélio. Durante o século III, foram muitas as incursões godas nas províncias romanas da Anatólia e da península balcânica: eles saquearam as costas asiáticas, destruíram o templo de Éfeso, chegaram a penetrar em Atenas e avançaram sobre Rodes e Creta. Durante o regime de Aureliano (270-275), obrigaram os romanos a se retirar da província da Dácia, no outro lado do Danúbio.

Os godos que viviam entre os rios Danúbio e Dniester receberam o nome de visigodos ("godos do oeste"). Os do outro ramo, que no século IV se haviam estabelecido na área que viria a ser a Ucrânia, foram denominados ostrogodos, nome que significa "godos do leste" (em alemão diz-se Westgoten e Ostgoten, o que significa "Godos do Oeste" e "Godos de Leste", respectivamente, segundo a Wikipédia em alemão - [[1]]).

História

A única fonte da história inicial dos godos é a Getica de Jordanes (publicada em 551), um resumo da história dos godos em doze volumes perdida, que foi escrita por Cassiodoro por volta de 530. Jordanes nem mesmo deve ter tido o trabalho nas mãos para consulta, e esta fonte primária deveria ser considerada com cuidado. Cassiodoro estava no lugar certo para escrever sobre os godos, por ser ele um dos principais ministros de Teodorico o Grande, que certamente havia ouvido algumas das canções góticas que falavam de suas origens tradicionais.

Vários historiadores, inclusive Peter Heather e Michael Kulikowski, argumentam que a Getica de Jordanes apresenta uma genealogia fictícia de Teodorico e uma história fictícia dos godos por propósitos de propaganda, e lançam dúvida sobre a origem escandinava, sobre as supostas dinastias reais e sobre o suposto reino de Ermanerico no século IV.[2][3].

Outras fontes principais para a seqüência da história gótica incluiem a "Historiae" de Amiano Marcelino, que menciona o envolvimento gótico na guerra civil entre os imperadores Procópio e Valente em 365 e relata a crise dos refugiados e a guerra gótica de 377-382 e o "de Bello Gothico" de Procópio de Cesareia, que descreve as Guerras Góticas de 535-553.

De acordo com Jordanes, os godos são originários da Escandinávia (Scandza). Seu local de origem mais específico foi provavelmente Gotland ou possivelmente Götaland na atual Suécia. Eles teriam se separado das tribos próximas, os gutar (gotlanders) e talvez dos götar (geats, citados como gautigodos e ostrogodos por Jordanes), que são à vezes incluídos no termo godos[4] por volta do século I (mas a Gutasaga deixa aberta a possibilidade do contato prolongado). Eles migraram para sudeste ao longo do Vístula durante o século II (a Gothiscandza de Jordanes; ver cultura Wielbark), estabelecendo-se na Cítia, que eles chamaram de Oium ("terras das águas") a partir do século II (ver cultura Chernyakhov). De acordo com contos lendários, a capital desse reino era Árheimar, no rio Dnieper.

Apesar da maioria dos guerreiros nômades demonstrassem ser sanguinários, os godos eram temerosos porque os cativos capturados nas batalhas eram sacrificados ao seu deus da guerra, Tyr[5], e as armas tomadas eram penduradas em árvores como oferendas. Seus reis e sacerdotes eram procedentes de uma aristocracia separada[6] e seus reis míticos do passado eram honrados como deuses.


Invasões góticas (267-269 d.C.).No século III, os godos se dividiram em dois grupos, os Tervingi ou visigodos ("godos ocidentais") e os Greuthungi ou Ostrogodos ("godos orientais"). Os visigodos iniciaram uma das primeiras grandes invasões "bárbaras" do Império Romano a partir de 263, saqueando Bizâncio em 267.[7]. Um ano depois, eles sofreram uma derrota devastadora na batalha de Naissus e foram expulsos para além do Danúbio em 271. Esse grupo então se fixou e estabeleceu um reino independente centralizado na província romana abandonada da Dácia.

Tanto os ostrogodos quanto os visigodos nitidamente se romanizaram durante o século IV pela influência do comércio com os bizantinos, e por sua participação em um pacto militar com Bizâncio para ajuda militar mútua. Eles se converteram ao arianismo durante esta época. A dominação huna do reino ostrogodo iniciou-se na década de [[370], e sobre a pressão dos hunos, o rei visigodo Fritigern em 376 solicitou a Valente (então o imperador romano do oriente) que permitisse que ele se estabelecesse com seu povo na margem sul do Danúbio. Valente deu a permissão, e até mesmo ajudou os godos a cruzar o rio, provavelmente na fortaleza de Dorostorum, mas devido à escassez eclodiu a guerra gótica de 377-382, e o imperador Valente foi morto na batalha de Adrianópolis.

Os visigodos sob Alarico I saquearam Roma em 410. O imperador Honório concedeu-lhes a Aquitânia, onde eles derrotaram os vândalos e em 475 já governavam a maior parte da península Ibérica.

Enquanto isso, os ostrogodos se libertaram do domínio huno após a batalha de Nedao, em 454. A pedido do imperador Zenão I, Teodorico o Grande a partir de 488 conquistou toda a Península Itálica. Os godos foram brevemente reunificados no começo do século VI, sob o ostrogodo Teodorico o Grande, que se tornou regente do reino visigótico após a morte de Alarico II na batalha de Vouillé, em 507. Procópio de Cesareia, escrevendo nesta época, interpretou o nome visigodos significando "godos ocidentais" e ostrogodos como "godos orientais", o que correspondia à distribuição de então dos reinos godos.

O reino ostrogodo persistiu até 553 sob Teia, quando a Itália caiu brevemente sob controle bizantino, até a conquista dos lombardos em 568. O reino visigodo durou mais, até 711 sob Rodrigo, quando capitulou à invasão omíada da Andaluzia.

Origens


Explicando as origens dos godos, Jordanes relata:

O mesmo mar poderoso alcança também na sua região ártica, que está no norte, uma grande ilha chamada Scandza, a partir de onde minha narração (pela graça de Deus) deve ser iniciada. Quanto à raça cuja origem vocês procuram saber, que avança como um enxame de abelhas a partir do centro dessa ilha e penetram nas terras da Europa. [...] Agora saindo dessa ilha de Scandza, a partir de uma colméia de raças ou de um útero de nações, os godos foram chamados a sair de sua terra há muito tempo atrás por seu rei, chamado Berig. Tão logo eles desembarcaram de seus navios e puseram os pés em terra, eles imediatamente deram seu nome ao lugar. E até hoje esse lugar é chamado Gothiscandza. Logo os godos se deslocaram dali até o local onde residiam os Ulmerugi, que então habitavam às margens do Oceano, onde montaram acampamento, entraram em batalha com eles e os expulsaram de seus lares.[8]
No século I, Tácito[9] localizou os Gothones ao sul do Mare Suebicum, o mar Báltico:

Para além dos Lugii residem os Gothones, sob o governo de um rei; e por isso mantém sujeição mais rígida que as outras nações germânicas (sic), mas não tão rígida para extinguir toda sua liberdade. Imediatamente a eles estão os rugios e os lemovianos na costa do oceano, e o que caracteriza estas nações são um escudo redondo, uma espada curta e um governo real.
Plínio, o Velho os chamou de Gutones. De acordo com Plínio, eles eram um dos maiores povos germânicos, sendo um dos cinco[10]. Ele também afirma[11] que o explorador Píteas de Massilia (século IV) os encontrou em sua expedição a um "estuário" no norte, (o mar Báltico, pelas referências de Plínio ao âmbar encontrado nas praias). Uma data anterior ao século I é dessa forma confirmada. Estrabão[12] também menciona que Marbod, após passar um tempo agradavelmente com Augusto, passou a comandar quase todas as tribos da Germânia, inclusive dos Boutones.[13] que é geralmente interpretado como uma grafia equivocada para Goutones, latinizado Gutones. Para os godos escandinavos, nós temos Ptolomeu, que menciona os Goutai vivendo no sul da ilha de Skandia.

Devido à figura central que os godos têm desempenhado na história, suas origens têm sido discutidas por muito tempo. Embora nenhuma teoria alternativa tenha sido proposta para o surgimento de tribos germânicas no que hoje é o norte da Polônia (região da antiga Prússia Oriental), alguns historiadores têm dúvidas de que os godos sejam originários da Escandinávia. Isto deve-se ao fato de que, não se levando em consideração Jordanes, as mais antigas evidências literárias não ambíguas sobre os godos (Tácito e Plínio, o Velho) os coloca no Vístula no século I. Alguns afirmam que não há evidências conclusivas para uma migração à época do nascimento de Cristo, e assim acreditam que a origem escandinava deveria ser tomada como uma inventio [14].

Por outro lado, o acadêmico alemão Wenskus aponta que se Jordanes quisesse ter inventado um passado fictício para os godos, ele teria afirmado que eles seriam descendentes de um local de mais prestígio como Tróia ou Roma. Ele não teria localizado suas origens no norte bárbaro. Além disso, ele estava escrevendo para godos que eram familiares às suas tradições. Além dos escritos de Jordanes, há evidências lingüísticas e arqueológicas que apóiam a origem escandinava (A velha disputa entre arianos do Leste Eslavo x Arianos do Oeste germânico que tenta pôr em cheque a imparcialidade histórica real nos limites entre as Europas do Centro e Leste).

Estrutura social

Do século I ao IV

As evidências arqueológicas são procedentes das culturas Wielbark e Chernyakhov. As evidências literárias incluem a Paixão de Santa Saba assim como a tradução da Bíblia de Úlfilas. As evidências históricas incluem a Historiae de Amiano Marcelino e a História da Igreja de Filostórgio entre outras.

Do século V ao VIII

Arqueologia

Na atual Polônia, a mais antiga cultura material identificada com os godos é a cultura Wielbark[15], que substituiu a cultura Oksywie local no século I. A substituição aconteceu quando um assentamento escandinavo foi estabelecido na zona de separação entre a cultura Oksywie e a provavelmente cultura Przeworsk vândala[16].

Todavia, durante o final da Idade do Bronze Nórdica e o começo da Idade do Ferro Pré-romana (c. 1300 a.C. - 300 a.C.), esta região sofreu influências do sul da Escandinávia.[17]. De fato, a influência escandinava na Pomerânia e no atual norte da Polônia a partir de 1300 a.C. foi a partir daí tão considerável que esta região é às vezes incluída na cultura da Idade do Bronze Nórdica[18].

Acredita-se que os godos tenham cruzado o mar Báltico em algum momento entre o fim da Idade do Bronze Nórdica (300 a.C.) e o ano 100 de nossa era. De acordo com perquisas antigas, na tradicional província sueca de Östergötland, evidências arqueológicas mostram que houve uma despovoação geral durante este período[19]. No entento, isto não é confirmado nas publicações recentes[20].

Os assentamentos na atual Polônia provavelmente correspondem à introdução de tradições funerárias escandinavas, tais como círculos de pedra e menires, que indicam que os primeiros godos preferiam sepultar seus mortos de acordo com as tradições escandinavas. O arqueólogo polonês Tomasz Skorupka afirma que a migração a partir da Escandinávia é uma questão confirmada:

Apesar das muitas hipóteses controversas quanto à localização da Scandia (por exemplo, na ilha de Gotland e nas províncias de Västergötland e Östergötland), o fato é que os godos chegaram ao que hoje é a Polônia vindos do norte cruzando o mar Báltico em barcos é certo[21].
No entanto, a cultura gótica também parece ter tido continuidade a partir das antigas culturas da região[22], o que sugere que os imigrantes se mesclaram com as populações nativas, talvez fornecendo sua aristocracia em separado. O acadêmico de Oxford, Heather, sugere que foi uma migração relativamente pequena a partir da Escandinávia[23]. Este cenário tornaria a migração através do Báltico similar a muitos outros movimentos populacionais na história, tal como a invasão anglo-saxã, onde os imigrantes impuseram suas próprias cultura e língua sobre as locais. A cultura Willenberg/Wielbark se deslocou para sudeste em direção à região do mar Negro a aprtir da metade do século II. Foi a parte mais antiga da cultura Wielbark, localizada a oeste do Vístula e que possuía tradições funerárias escandinavas, que iniciou o deslocamento[24]. Na Ucrânia, eles se impuseram como governantes da cultura Zarubintsy local, provavelmente eslava, formando a nova cultura Chernyakhov (c. 200 - c. 400).

Há evidências históricas e arqueológicas de contatos contínuos entre os godos e as populações do sul da Escandinávia durante as migrações dos primeiros no século VI[25][26].


Padrão de assentamentos

Os assentamentos Chernyakhov ficavam nos campos abertos nos vales dos rios. As casas incluem residências subterrâneas, residências de superfície e barracas. O maior assentamento conhecido (Budesty) possuía 35 hectares[27]. A maioria dos assentamentos era aberta e não fortificada. Algumas fortalezas são também conhecidas.

Práticas funerárias

Os cemitérios Chernyakhov incluem funerais de cremação e de inumação; entre os últimos, a cabeça está para o norte. Alguns túmulos foram deixados vazios. Objetos encontrados nas tumbas incluem cerâmica, pentes de osso e ferramentas de ferro, mas quase nunca qualquer arma[28].

Línguas

O gótico é uma língua germânica arcaica com claras ligações com as línguas da Europa Central e do Norte. É a única língua germânica oriental bem registrada.

De acordo com pelo menos uma teoria, há conexões língüísticas mais próximas entre o gótico e o norueguês antigo que entre o gótico e as línguas germânicas ocidentais. Além disso, havia duas tribos que provavelmente eram relacionadas mais de perto com os godos e que permaneceram na Escandinávia, os gotlanders e os gautas. Essas tribos foram consideradas como sendo godos por Jordanes.

O fato é que virtualmente todas as características fonéticas e gramaticais que caracterizam as línguas germânicas setentrionais como um ramo separado da família de línguas germânicas (sem mencionar as características que distinguem os vários dialetos noruegueses) parecem ter se expandido em um estágio posterior àquele preservado no gótico. O gótico por sua vez, sendo uma forma extremamente arcaica do germânico em muitos aspectos, todavia desenvolveu características próprias que não são compartilhadas com outras línguas germânicas.

No entanto, isto não exclui a possibilidade dos godos, dos gutar e dos gautas serem tribos relacionadas. Similarmente, os dialetos saxões da Alemanha são mais próximos do anglo-saxão que qualquer outra língua germânica ocidental que sofreu a mudança consonantal do alto alemão (ver lei de Grimm), mas as tribos são definitivamente idênticas. Os jutos (em dinamarquês jyder) da Jutlândia (em dinamarquês Jylland), na Dinamarca Ocidental, são pelo menos etimologicamente idênticos aos jutos que partiram daquela região e invadiram a Grã-Bretanha junto com os anglos e saxões, no século V. No entanto, não há fontes escritas remanescentes que associem os jutos da Jutlândia com qualquer outro dialeto germânico setentrional, ou os jutos da Grã-Bretanha com qualquer dialeto germãnico ocidental. Dessa forma, a língua nem sempre é o melhor critério para distinção étnica ou tribal e sua continuidade.

Os gutar (gotlanders) possuíam entre suas tradições orais histórias de uma migração em massa para o sul da Europa, escritas no Gutasaga. Se os fatos estiverem relacionados, seriam um caso único de tradição oral que sobreviveu a mais de mil anos e que de fato antecede a maioria das principais divisões da família de línguas germânicas.


Origem do nome "godo" (*Gut-)

Os nomes gutar e godos são etimologicamente ditos sinônimos etnônimos. Próximo, mas não da mesma origem, é também o nome tribal escandinavo gauta. Os godos e os gutar são derivados de *Gutaniz enquanto gauta é derivado do proto-germânico *Gautoz (plural *Gautaz). *Gautoz e *Gutaniz são duas apofonias de uma palavra proto-germânica (*geutan) que significa "derramar, verter, espalhar" (sueco moderno gjuta, alemão moderno giessen, gótico giutan) e que designa as tribos como "espalhadores de sementes", ou seja, "homens, povo"[29]. Gauti, o mais antigo herói gótico, registrado por Jordanes, é geralmente observado como uma corruptela de Gaut.

Interessantemente, registros em norueguês antigo não distinguem os godos dos gutar e ambos são chamados Gotar em norueguês antigo ocidental. O termo em norueguês antigo oriental para godos e gutar parece ter sido Gutar (por exemplo, na Gutasaga e na inscrição rúnica da Rökstone). No entanto, os gautas são claramente distinguidos dos godos/gutar nas literaturas do norueguês antigo e do inglês antigo.

Uma segunda teoria, de menor força, liga o povo com o nome de um rio que atravessa Västergötland na Suécia, o Göta älv, que escoa do lago Vänern para a baía Kattegat. No período pré-histórico, esse rio tinha um fluxo maior que o atual. A interpretação, todavia, utiliza uma analogia de nomeação geral indo-européia, tal como Dutch, Deutsch, man, human, etc. e era a preferida de Jordanes, que via os godos com procedentes da Escandinávia.

A raíz indo-européia da derivação "espalhar" seria *gheu-d- como ela está catalogada no The American Heritage Dictionary of the English Language (AHD) ("Dicionário da Herança Americana da Língua Inglesa"). *gheud- é uma forma centum. O AHD apóia-se em Julius Pokorny para a mesma raíz (p. 447).

g a partir do *gh e um *t a partir do *d. Esta mesma lei mais ou menos rejeitou *ghedh-, raíz do inglês "good" no sentido de "goodman" ("pai de família"), como sugerem alguns. O *dh neste caso se transformaria em um *d no lugar de um *t. Quando e onde os ancestrais dos godos deram-se este nome e se eles o usaram na época do indo-europeu ou do proto-germânico permanece uma questão não resolvida de lingüística histórica e arqueologia pré-histórica.
De acordo com as regras de apofonia indo-européia, a graduação plena *gheud- pode ser substituída por *ghud- ou *ghoud-, relatando as várias formas para o nome. O uso de todas as três formas sugere que o nome derive de um estágio indo-europeu.

Um nome composto, Gut-þiuda, o "povo gótico", aparece no calendário gótico (aikklesjons fullaizos ana gutþiudai gabrannidai). Além dos godos, este jeito de nomear uma tribo é apenas encontrado na Suécia[30]

Como mencionado acima, o nome dos godos é identico ao dos gutar, os habitantes de Gotland, uma ilha do mar Báltico. O número de similaridades que existiam entre a língua gótica e o gútnico antigo fez o proeminente lingüista sueco Elias Wessén considerar o gútnico antigo como sendo uma forma de gótico. O mais famoso exemplo é que tanto o gútnico quanto o gótico usavam a palavra lamb para carneiros jovens e adultos. Ainda, alguns reivindicam que o gútnico não é mais próximo do gótico que qualquer outra língua germânica.


Significado simbólico

A relação dos godos com a Suécia se tornou uma parte importante do nacionalismo sueco, e até o século XIX a opinião de que os suecos eram os descendentes diretos dos godos era comum. Hoje, acadêmicos suecos identificam isso como um movimento cultural chamado Goticismo, o qual inclui um entusiasmo por assuntos em geral do norueguês antigo.

Na Espanha medieval e moderna, os visigodos são considerados como sendo a origem da nobreza espanhola. De alguém agindo com arrogância, seria dito que está "haciéndose los godos" ("fazendo a si mesmo descendente dos godos"). Por causa disto, no Chile, Argentina e Ilhas Canárias, godo era uma ofensa étnica usada contra espanhóis europeus, que no início do período colonial se sentiam superiores às pessoas nascidas nas colônias (criollos).

Esta reivindicação espanhola de origens góticas conduziu a um confronto com a delegação sueca no Concílio de Basiléia em 1434. Antes que a assembléia de cardeais e delegações pudessem iniciar as discussões teológicas, eles tinham que decidir como se sentar durante os procedimentos. As delegações das nações mais importantes estavam sentadas mais próximo do papa, e havia também disputas para quem ficaria com as melhores cadeiras e quem teria seus assentos em esteiras. Neste conflito, o bispo de Växjö, Nicolaus Ragvaldi invocou que os suecos eram descendentes dos grandes godos, e que o povo de Västergötland (Westrogothia em latim) eram os visigodos e que o povo de Östergötland (Ostrogothia em latim) eram os ostrogodos. A delegação espanhola então respondeu afirmando que apenas os godos "preguiçosos" e "sem iniciativas" que haviam ficado na Suécia, enquanto que os godos "heróicos", por outro lado, tinham deixado a Suécia, invadido o Império Romano e se estabelecido na Espanha.

Fonte: Wikipedia

Um comentário:

America's Next Top Model disse...

menos copia mais originalidade