logo se transformava em fervilhante mercado. Os fenícios
foram os negociantes por excelência da Antigüidade.
Da Fenícia para o mundo
Os fenícios foram responsáveis pela formação de uma rica civilização que ocupou uma faixa do litoral mediterrâneo que adentrava o território asiático até as montanhas do atual Líbano.
A proximidade com o mar e o início das trocas agrícolas com os egípcios deu condições para que o comércio marítimo destacasse-se como um dos mais fortes setores da economia fenícia. Ao longo da faixa litorânea por eles ocupada surgiram diversas cidades-Estado, como Arad, Biblos, Tiro, Sídon e Ugarit.
Exímios na arte de comercializar, os fenícios eram conhecidos em todo lugar, por sua grande capacidade de alcançar os maiores lucros.
O Comércio e a Escrita
Com tantos mercados, tantas ofertas, tantos fregueses, os fenícios só encontraram uma saída para os negócios não se enredarem em um emaranhado de mal-entendidos: registrar em placas de barro cada compra e cada venda.
O controle sobre os estoques, os acordos comerciais, encomendas, preços e outras negociações teriam de ser devidamente registrados para que todo esse esforço fosse apropriadamente recompensado. Foi então que a cultura fenícia estabeleceu o desenvolvimento de um sistema de símbolos que pudesse facilitar o processo de comunicação entre as pessoas.
Foi a partir do ideograma egípcio, que os fenícios criaram um conjunto de vinte e duas letras. Os fenícios conseguiram simplificar o processo egípcio. Os egípcios foram responsáveis pela idéia de escrever em inumeráveis hieróglifos, os fenícios tiveram a iniciativa de facilitar a compreensão da escrita desenvolvendo um alfabeto fonético composto por vinte e duas letras.
Esse sistema de comunicação teve grande importância não só para os fenícios, mas também influenciou no longo processo que deu origem às letras que integram o alfabeto ocidental contemporâneo.
Esse sistema de escrita se espalhou pelo mundo antigo e inspirou outros povos a criar seus próprios alfabetos. O mais famoso deles? O alfabeto grego. Adaptado do fenício, o alfabeto grego tem uma característica importante: a introdução de vogais.
Pouco se sabia sobre a escrita fenícia até o pesquisador francês Pierre Montet descobrir, em 1923, em Biblos, cidade histórica do Líbano, o sarcófago do rei Ahiram peça decorada com inscrições lidas da direita para a esquerda. Hoje o sarcófago está guardado no Museu Nacional de Beirute. "Embora aquele texto seja o mais antigo, outras descobertas arqueológicas também são documentos valiosos sobre o alfabeto fenício", nota Haiganuch Sarian, coordenadora do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, onde, aliás, existe uma reprodução em gesso do famoso sarcófago, feita por volta do século XII a.C..
O fato é que ao se compararem diversas inscrições se constatou que as cidades fenícias podiam falar a mesma língua, mas não a escreviam da mesma maneira. Apesar das pequenas variações, quando em 1750 o inglês John Swinton, encarregado de conservar os arquivos da Universidade de Oxford, resolveu aproveitar os momentos de folga para debruçar-se sobre inscrições fenícias encontradas na Ilha de Chipre, a decifração foi relativamente rápida. É que tanto a língua como a escrita da Fenícia eram muito parecidas com o idioma hebraico. Assim, tornou-se possível traduzir toda a coleção disponível de textos funerários e registros comerciais deixados por aquele povo que, até onde se conhece, não se interessou em produzir nenhum tipo de literatura. Os fenícios tampouco se interessaram em ensinar sua escrita aos compradores de suas mercadorias. Na verdade, foram os gregos que, ao colonizar cidades fenícias por volta do ano 800 a.C., tomaram a iniciativa de importar o alfabeto para o Ocidente, acrescentando-lhe uma novidade as vogais.
O sistema de escrita grego acabou se tornando a maior contribuição cultural para o mundo ocidental, pois originou a família dos alfabetos que até hoje dominam o mundo ocidental.
Economia e Expansão Marítima
No início de sua trajetória, a exemplo de outros povos da Antiguidade, os fenícios desenvolveram uma economia exclusivamente voltada para a agricultura, pesca e artesanato. Eles transformaram-se ao longo do tempo em exímios comerciantes.
A agricultura e a pecuária eram importantes para a sobrevivência dos fenícios, mas suas principais atividades econômicas se concentravam no comércio e no artesanato. Com as excelentes madeiras de suas florestas, construíam navios. Fabricavam jóias de âmbar, ouro, prata e marfim. Produziam o vidro transparente e descobriram a púrpura, matéria corante vermelho-escura que usavam para tingir tecidos. Essas manufaturas, bem como suas madeiras, eram comerciadas do mar Negro até o Egeu.
A atividade comercial fenícia era muito variada. Além da exportação dos seus tecidos de lã, cabia-lhes a tarefa de abastecer o mundo mediterrânico em gêneros exóticos provenientes do Oriente, sobretudo dos Egípcios, pelo mar Vermelho, e em produtos de primeira necessidade, vindos do grande Norte, caso do estanho (das ilhas de Scilly, na Cornualha).
As suas cidades principais foram Sídon, Tiro, Biblos e Beritus (atual Beirute). Os fenícios nunca tiveram um verdadeiro governo "nacional", apresentando cada cidade um rei, por vezes substituído ou neutralizado pelas aristocracias de mercadores.
Cada cidade cuidava exclusivamente de seus próprios negócios. Para defender seus interesses, possuíam monarcas, cujo trono era passado de pai para filho. Como os textos bíblicos mostram, os monarcas eram também os que mais lucravam. Mas justiça se faça: boa parte do sucesso dos fenícios no comércio se deveu à política de boa vizinhança de seus reis.
Os reis fenícios aceitavam até pagar tributos, desde que tivessem livre iniciativa no comércio. Outra estratégia dos monarcas era permitir que estrangeiros viessem morar em suas cidades, com pleno direito de abrir qualquer negócio uma autêntica raridade naquela época.
Por volta de 1400 a.C. os fenícios dominaram as rotas comerciais, anteriormente controladas pelos cretenses, que ligavam a região da Palestina ao litoral sul do Mediterrâneo. Na trajetória da civilização fenícia, diferentes cidades imprimiam sua hegemonia comercial na região.
Após o auge dos centros urbanos de Ugarit, Sídon e Biblos – a cidade de Tiro expandiu sua rede comercial sob as ilhas da Costa Palestina chegando até mesmo a contar com o apoio dos hebreus. Com a posterior expansão e a concorrência dos gregos, os comerciantes de Tiro buscaram o comércio com regiões do Norte da África e da Península Ibérica.
O método comercial utilizado era a troca. Era possível comerciar todo o tipo de objetos: trípodes, caldeirões em bronze, armas, azeite, cereais, vinho, vidros, jóias, marfins, cerâmica fina, vidros com perfumes e ungüentos.
Expandindo suas atividades comerciais, os fenícios fundaram diversas colônias que, a princípio, serviam de bases mercantis. Existiam colônias fenícias em lugares como Chipre, Sicília, Sardenha e sul da Espanha. No norte da África, os fenícios fundaram a importante colônia de Cartago.
Arte Fenícia
Os fenícios foram famosos na Antiguidade por seus trabalhos artísticos em ourivesaria, assim como também em marfim, vidro, terracota, madeira, pedra, além da tecelagem. Exímios navegantes e negociantes, os fenícios souberam “assimilar” a arte e os processos de confecção de inúmeros povos com os quais tiveram contato em suas rotas de comércio.
Levavam de cada povo não apenas riquezas materiais, mas riquezas culturais. Assim, suas produções artísticas, bem como a ourivesaria, agregaram diversas técnicas. Através do comércio, sua arte se expandiu, influenciou e foi influenciada por terras distantes como a grega e a etrusca , chegando até o Norte da África.
Em suas jóias são observados elementos de diversas culturas. Os fenícios não só agregavam elementos em sua arte, mas os assimilavam na íntegra, reproduzindo-os impecavelmente. Destacaram-se não apenas na arte da joalheria. Trabalharam com maestria o vidro, a madeira, a tecelagem, técnicas de tinturaria, cerâmica e metalurgia.
A madeira, especificamente o Cedro, foi uma das grandes riquezas deste povo, o que facilitou a construção das embarcações e a conseqüente ampliação de seus horizontes. Um exemplo desta troca de conhecimentos técnicos entre os povos é o uso da granulação na joalheria. Esta técnica de decoração de superfícies com grãos adicionados por fusão foi difundida e usada pelos fenícios.
A joalheria fenícia não se destaca pela originalidade, mas pela união de culturas e técnicas de diversos povos que foram disseminadas graças ao comércio e a navegação.
A arte que produziram tinha não só propósitos comerciais, mas também religiosos e, além do impacto visual, procurava transmitir idéias e conceitos.
A maioria dos objetos fenícios que chegaram até nossos dias, assim como os de outras civilizações já desaparecidas, pertencem a sítios arqueológicos de contexto funerário, como tumbas, cemitérios ou templos. Nas antigas tumbas fenícias já descobertas foram encontradas jóias em ouro, prata e gemas, escaravelhos e outros objetos simbólicos ou religiosos feitos em vidro ou terracota, tigelas de metal (ouro, prata e bronze) e também em terracota, lindas caixas decoradas em marfim, cosméticos e outros itens que denotam o status social do ocupante da tumba. Uma enorme quantidade destes objetos possui tamanho pequeno.
Objetos em madeira decorada ou tecidos são itens muito raros em achados arqueológicos nos sítios fenícios, estando, porém, documentados em diversos escritos que foram descobertos, onde foram detalhadas as trocas comerciais entre comerciantes fenícios e de outros povos.
O comércio foi o grande fator expansionista da arte fenícia. Por volta do ano 1.000 a.C., mercadorias fenícias podiam ser encontradas em diversos e distantes pontos do mar Mediterrâneo e influenciaram culturas como a grega, a etrusca e a assíria, bem como povos do norte da África e da Península Ibérica.
Poucos sítios arqueológicos da antiga Fenícia (parte do Líbano atual) foram adequadamente escavados, como os de Sarepta (atual Sarafand). A significante maioria dos achados veio de colônias fenícias ou entrepostos comerciais situados na Espanha, Sardenha, Sicília e Tunísia. A maioria destes objetos data do período entre os séculos VII e II a.C., mas peças situadas entre os séculos IX e VIII a.C. foram também encontradas.
A arte fenícia era conservadora por natureza. Sendo assim, motivos decorativos foram repetidos por séculos. Pode-se considerar que o ecletismo é a grande marca da arte fenícia, já que combinaram, de forma pouco usual, variados padrões de diferentes culturas, sem preocupação com simbologias religiosas, por exemplo.
Os artesãos fenícios utilizaram com habilidade elementos egípcios, gregos, assírios e outros em suas concepções artísticas, das cores escolhidas ao design e à combinação motivos decorativos. Por vezes, simplesmente imitavam estilos de outros povos sem modificá-los, o que em alguns achados arqueológicos foi difícil reconhecer o que era autêntico de uma determinada cultura e o que era “cópia” fenícia. (É importante notar que todas as culturas existentes, já desaparecidas ou não, costumavam "inspirar-se" em fontes diferentes da sua própria).
Comerciantes e Navegadores
Desenvolvimento Náutico e as Rotas Comerciais
Em razão dos negócios comerciais, os fenícios desenvolveram técnicas de navegação marítima, tornando-se os maiores navegadores de Antiguidade.
No progresso de suas atividades comerciais, os fenícios tiveram expressivo destaque no desenvolvimento de embarcações que pudessem lhes colocar em contato com as diversas civilizações do mar Mediterrâneo. Utilizavam em seus barcos a combinação de remos e velas, o que lhes proporcionava maior velocidade. Em suas viagens, orientavam-se durante o dia pelo sol e durante a noite pela Ursa Maior.
O deslocamento pelo mar acabou firmando uma ampla rede de rotas comerciais que garantia a circulação dos vários produtos que despertavam o interesse da poderosa classe mercante mantenedora desse tipo de atividade econômica.
Comerciavam todas as "mercadorias" imagináveis e isso fez com que navegassem a lugares muito distantes para a época. Comerciavam com grande número de povos e em vários lugares do Mediterrâneo, guardando em segredo as rotas marítimas que descobriam.
Considerável parte dos produtos comercializados pelos fenícios provinha de suas oficinas artesanais, que dedicavam à metalurgia (armas de bronze e de ferro, jóias de ouro e de prata, estátuas religiosas), à fabricação de vidros coloridos e à produção de tintura de tecidos (merecem destaque os tecidos de púrpura). Por sua vez, importavam de várias regiões produtos como metais, essências aromáticas, pedras preciosas, cavalos e cereais. Tiro era a principal cidade que se dedicava ao comércio de escravos, adquirindo prisioneiros de guerra e vendendo-os aos soberanos do Oriente próximo.
A marinha fenícia era uma das mais poderosas do mundo antigo. Suas embarcações, dotadas de aríetes de proa, quilha estreita e vela retangular, eram velozes e mais fáceis de manobrar.
As mercadorias negociadas eram todas estocadas no porão dos navios e protegidas em grandes vasos de argila preenchidos com areia. Dessa maneira, os fenícios conseguiam preservar as mercadoria e minimizar as perdas materiais ocorridas durante o transporte.
Além de se preocuparem com a acomodação dos bens comercializados, os fenícios também tinham de enfrentar a cobiça de outros navegantes que cruzavam a extensão do Mar Mediterrâneo. A pirataria e os saques já eram práticas comuns ao comércio marítimo daquela época. Por isso, algumas embarcações se deslocavam com a proteção de outros navios de guerra equipados com remos e aríetes capazes de interceptar a ação de uma embarcação pirata.
Em cada ponto comercial espalhado pelo Mar Mediterrâneo havia grandes habitações que abrigavam os marinheiros, artesãos e comerciantes envolvidos nessa movimentada atividade econômica. Quando as condições climáticas impediam as viagens pelo mar, tais abrigos poderiam servir de pouso durante meses inteiros a uma determinada tripulação. Foi por meio dessa impressionante estrutura envolvida é que os fenícios se destacaram no campo comercial.
Explorações Fenícias
Os marinheiros de Tiro foram os primeiros a atingir o Estreito de Gilbraltar. Posteriormente ultrapassaram essa marca.
Parece que os navegantes fenícios foram os primeiros que se serviram da Estrela Polar para orientar suas viagens, o que lhes permitiu aventurar-se fora do mar Mediterrâneo.
Segundo Herótodo, esse povo foi o primeiro a contornar o continente africano, a serviço do faraó Neco. O faraó egípcio Neco (609-593 a. C.), curioso de saber o que ficava para lá do mar Vermelho, mandou uma esquadra tripulada por Fenícios, capitaneada por Haman e os melhores marinheiros do seu tempo, descer todo o mar, com ordens para seguirem toda a costa africana.
A expedição demorou três anos para percorrer os 36.600 km do litoral africano. Foi uma viagem longa e perigosa, numa proeza que viria a ser repetida somente em 1498, com a passagem do cabo da Boa Esperança.
Descobriram as ilhas da Madeira, Canárias e Açores. No século V a.C. cruzaram o canal da Mancha e chegaram à Cornualha.
Fundaram seis colônias na costa atlântica da África e exploraram o Senegal, os rios de Gâmbia e a costa sul até a Serra Leoa ou Camarões.
As Redes Comerciais e as Colônias
Os portos fenícios de Biblos e Ugarit mantinham relações comerciais com o Egito. Escavações arqueológicas em Ugarit revelaram uma documentação significativa sobre a Fenícia dos séculos XV-XII a.C., nomeadamente sobre os palácios reais, a administração, os mitos e pensamento religioso.
A cidade de Ugarit em fins do III milênio tornou-se um pólo importantíssimo devido às redes comerciais que estabeleceu com o Egito e com Creta.
Do século X ao século I a.C., os comerciantes fenícios criaram bases comerciais ao longo de todo o Mediterrâneo. Fundaram colônias desde a Sicília até o estreito de Gibraltar, destacando-se Cartago.
Os comerciantes de Tiro chegaram à ilha de Malta, onde estabeleceram uma de suas principais bases. Navegando em tão amplas extensões foi necessário fundar bases comerciais através das quais estabeleciam relações comerciais com os habitantes locais. Assim, não raras vezes de forma violenta, as bases comerciais fenícias espalharam-se pelas costas africanas, espanholas e da Ásia Menor, transformando-se rapidamente em cidades.
Adotavam três sistemas para o estabelecimento de bases comerciais: simples entrepostos, associação com outros povos e colônias de dominação.
Por onde os navegantes de Tiro passavam, construíam aldeias, mais parecidas com grandes mercados. Fundaram por volta de 1100 a.C. a cidade portuária de Gadir hoje Cádiz na região da atual Espanha. Com o tempo, Gadir tornou-se o centro econômico mais importante da região, monopolizando o comércio de toda a faixa entre o norte da Argélia e a ilha de Ibiza, além do litoral atlântico do Marrocos.
Quando os fenícios fundaram essa colônia, talvez nem esperassem tanto. A princípio, sua única ambição em relação a Gadir era extrair a prata, metal facilmente encontrado em seus arredores. A prata tinha no Oriente consumidores fiéis, que a comprariam a qualquer preço.
Uma das colônias mais importantes fundadas pelos Fenícios foi Cartago (Kart Hadash), que se tornou a grande cidade comercial do Mediterrâneo, suplantando Tiro, a sua cidade-mãe. Por esta colônia passavam os produtos provenientes das rotas de caravanas que atravessavam o Saara - marfim, ouro, escravos e pedras preciosas.
Legado Fenício
A vocação comercial dos fenícios fez desse pequeno povo um grande elo entre as civilizações da Antiguidade. Podemos afirmar com Masson-Oursel que nenhum povo, antes dos Romanos, contribuiu tanto para que o Ocidente europeu participasse da cultura mediterrânea.
Expansão Cultural
Navegantes e comerciantes, os fenícios aperfeiçoaram a arte náutica e introduziram uma nova mentalidade em povos distantes, pela venda dos produtos de sua indústria ou da indústria de outras regiões, produtos esses intimamente relacionados com a elevação do nível de vida material; o comércio fenício levou o conforto, o bem-estar a povos das mais diferentes raças e regiões do Mundo Antigo.
Os fenícios não transportavam somente mercadorias; com os artigos de comércio infiltravam-se os aspectos religiosos e intelectuais de sua civilização. Sua religião, por exemplo, revelou-se tão vigorosa que o próprio Egito, sob o Novo Império, viu-se invadido por deuses sírios; mais tarde, sob o Império Romano, os cultos sírios espalhar-se-ão no mundo ocidental a ponto de pôr em perigo a religião de Roma.
De acordo com um estudioso do assunto, certas idéias religiosas dos fenícios teriam preparado, mais do que se crê, a filosofia helenística. Talvez se pudesse discernir a influência do pensamento fenício no sistema semi-religioso e semi-filosófico conhecido como gnose e na filosofia mística do neoplatonismo. Nesse delicado assunto não devemos perder de vista uma realidade: o mar Egeu, mais que uma simples encruzilhada por onde passaram e se encontraram povos os mais diversos, foi um centro unificador de civilizações no qual helenos, cretenses e semitas influíram-se mutuamente elaborando durante séculos um admirável sincretismo cultural.
M. Dussaud escreve a respeito do alfabeto:
"É necessário dar aos fenícios aquilo que, decididamente, lhes pertence. Eles foram os autores de uma das maiores invenções da Humanidade, no dia em que romperam deliberadamente com as escritas tão complicadas que estavam então em uso, no dia em que distinguiram vinte e dois sons simples que permitiam notar as diversas articulações consonânticas de sua língua e no dia em que criaram um sistema completo de sinais de uma notável simplicidade, no qual cada letra se distingue, à primeira vista, de todas as outras. Atingiram a perfeição de um golpe: as deformações que o tempo introduziu em seu sistema não a melhoraram".
O alfabeto fenício deu origem, por intermédio dos gregos, às escritas mais importantes usadas no Ocidente, especialmente o alfabeto latino. Mas também no Oriente, o alfabeto fenício teve uma repercussão e alcance realmente dignos de admiração: por meio dos arameus, fez surgir, entre muitos outros, os alfabetos árabe, hebraico, siríaco, kharostri, sem falar das curiosas escritas da Ásia Central.
A Herança Genética dos Fenícios
Pesquisa revelou que um em cada 17 habitantes da região Mediterrânea ainda possui genes dos fenícios.
Quando o tempo apaga as provas físicas da existência de um passado brilhante, a genética abre caminho para uma grande descoberta. Foi assim com o estudo do centro americano de pesquisa Genographic Projetic, através do qual uma equipe de cientistas finalmente encontrou os vestígios daqueles que são considerados um dos mais criativos e inventivos povos que a história da humanidade já registrou.
Os fenícios nos deixaram muito mais que o alfabeto. Deixaram seus genes geniais", diz o americano Chris Tyler-Smith, um dos autores da pesquisa.
Através de métodos de análise genética, publicados pela revista American Journal of Human Genetics, constatou-se que, atualmente, um em cada 17 habitantes da região do Mediterrâneo provavelmente tem raízes fenícias. Segundo Tyler-Smith, o estudo em questão foi um grande desafio: "A única coisa que possuíamos para nos guiar era a história. Sabíamos onde eles tinham se estabelecido e onde não tinham chegado." Foi, portanto, com o auxílio do alto patamar de desenvolvimento da genética moderna que se pôde mapear minuciosamente os seus descendentes. Essa civilização durou até sucumbir diante do Império Romano e, nos séculos seguintes, muito do que restou desse povo se perdeu ou foi destruído. Como quem procura algo sem saber se de fato existiu, o novo método analítico buscou características genéticas em homens modernos por meio do cromossomo Y (masculino). Entre outras regiões, as características fenícias mais marcantes estão, por exemplo, na Espanha, Gibraltar, Mônaco, Itália, Albânia, Grécia, Chipre, Turquia, Síria, Líbano, Israel, Palestina, Egito, Tunísia, Argélia e Marrocos.
Vale observar que nos países "influenciados diretamente e geneticamente" pelos fenícios o Produto Interno Bruto gira em torno dos US$ 200 bilhões anuais. Segundo o Fundo Monetário Internacional, "a região do Mediterrâneo possui uma das melhores economias do planeta e o peso genético nesse fenômeno é de cerca de 6%". Ou seja: "uma criança em cada escola, desde o Chipre até a Tunísia, pode ser um descendente direto dos competentes comerciantes fenícios", diz Daniel Platt, membro do Centro de Pesquisa IBM T. J. Watson.
Fontes: História do Mundo / Infopédia / Portal das Jóias / Templo de Apolo / Revista ISTOÉ / Portal São Francisco / Blog Talento da Terra / Revista Super Interessante / klick Educação / Portal Joiabr / Wikipédia / Brasil Escola
10 comentários:
Muito bom o artigo sobre os Fenícios. Pouco se fala sobre esse intrigante povo, que tanto influenciou nossa civilização. De minha parte, acho os fenícios tão interessantes que os utilizei como tema de fundo de um dos meus livros (o segredo da fênix), em breve publicado.
http://brunofabriciocruz.blogspot.com/
Parabéns pelo estudo, sigo acompanhando o blog. De fato, a História é fascinate!
Olá, boa noite.
Parabéns pelo post e pelo site. Este artigo sobre os fenícios está incrível.
Sou editor do CInebulição, e também sou formado em História.
Pergunta: aceita parceria com um site sobre cinema?
Meu endereço é: www.cinebuli.blogspot.com
Abraço
Adorei o artigo.
Sempre me lembrei dos fenícios
como os percusores do nosso
alfabeto, mas precisava
mesmo ampliar meu conhecimento.
Ótimo blog
bom trabalho.
já estou seguindo.
Fantástico texto, me elucidou bastante.
Para quem estuda História como eu, esse blog é indispensável. Obrigada.
excelente texto,mas gostaria de acrescentar algo;os fenícios eram adoradores do sol,e isto não significava apenas ajoelhar-se diante do astro.Eles sabiam exatamente as posições do sol para cada dia,e seu trajeto na esfera celeste(para a navegação quem se move ainda é o sol)não ignoravam as datas dos solstícios e equinócios.fico decepcionado quando alguns restringem as suas navegações ao âmbito das navegações costeiras.Conhecer o sol,lhes dava a noção da esfericidade da terra,e dos 360º de toda boa circunferência.Também dominavam a fundição do bronze,o que lhes permitia fazerem todos as peças de seus navios quilhas ,lemes,cunhos etc,também não temiam as calmarias,que tanto assustou os portugueses e espanhóis séculos mais tarde,afinal seus barcos além das velas eram birremes ou trirremes.como se não bastasse o Libano era uma floresta de cedros,uma das melhores madeiras para a construção naval.Diz-se que para o vizinho rei de Jerusalem ( Salomão)trouxeram de uma só vez 14 toneladas de ouro,podemos imaginar da onde...deixa quieto....
Gratidão muito bom
Muito bom para a minha filha fazer a matéria historiaaaa
Excelente estudo. Vai me ajudar bastante. Obrigado
Do Brasil Gilberto? Tem conhecimento da passagem deles pelo Brasil?
Muito obrigado me ajudou bastante
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